ABEU assina Carta de São Paulo durante Reunião Anual
Na última semana, a Associação Brasileira das Editoras Universitárias (ABEU) realizou o 4º Seminário Brasileiro de Edição Universitária e Acadêmica, em São Paulo. Em seu âmbito, ocorreu a 34ª Reunião Anual da ABEU, momento em que nossas associadas se encontram para para debater diretrizes que apoiem as ações das editoras universitárias.
Diante da atual negligência com a cultura, educação e pesquisa no país, no evento foi assinada uma carta aberta, delineando a posição da ABEU sobre este cenário em um ano tão decisivo para os rumos do Brasil. Leia o documento na íntegra abaixo:
Por uma política nacional do livro universitário: conhecimento e ciência a favor da democracia
Neste momento em que o País vivencia profunda crise humanitária e de desmonte de políticas públicas, de descaso com a educação, a ciência e a cultura, mas também em que se prepara para redefinir seus rumos, construindo novo futuro nas urnas, as editoras universitárias, reunidas na 34ª Reunião Anual da Associação Brasileira das Editoras Universitárias (ABEU), vêm reafirmar seu compromisso com o avanço da nossa sociedade, através da educação, cultura, pesquisa e da ampla difusão do conhecimento para todo o povo brasileiro.
A ABEU reitera a importância da consolidação da democracia no Brasil e o entendimento de que, em seu campo de atuação, isso se constrói a partir da garantia dos direitos ao livro e à leitura e passa pela urgente democratização do conhecimento, tanto na sua produção e difusão quanto na criação de oportunidades de acesso. A missão das editoras universitárias é contribuir para que conhecimentos e saberes se disseminem, com grande permeabilidade, entre aqueles que deles necessitam.
No entanto, sabemos que isso não pode ocorrer apenas de forma isolada e autônoma, com iniciativas pontuais, mas necessita, para cumprir-se com qualidade e franca acessibilidade, de políticas públicas amplas, integradas e duradouras. É fundamental que tenhamos viabilidade econômica e autonomia para atuação, assim como um campo científico que não esteja atrelado a indicadores de produtividade que levam pesquisadores a recorrer mecanicamente a vias de divulgação dos seus estudos sem poderem ter o necessário tempo para amadurecimento dos resultados. Sempre pautados pela lógica de um certo mercado.
Nesse arcabouço de uma visão estruturante, as editoras universitárias poderão assumir sua plena potencialidade de, além de publicar livros, construir pontes entre os saberes que emanam da comunidade e a ela retornam, como canais efetivos de difusão do conhecimento e avanço social, contribuindo para o fomento da bibliodiversidade no Brasil.
Diante do exposto, a Assembleia da ABEU defende: a importância de iniciativas para o fomento ao livro e à leitura; o fortalecimento das editoras universitárias, por meio da regulamentação específica do setor; e a integração com agências reguladoras e de fomento à pesquisa, com práticas e editais de apoio à publicação e circulação de livros e o desenvolvimento de estratégias de publicação e difusão de obras de acesso aberto, como forma de democratização do conhecimento.
A partir dessas considerações, a ABEU declara acreditar na ciência, na cultura e na defesa de que estes sejam direitos garantidos ao povo brasileiro, e coloca sua disposição em seguir contribuindo para a construção de um país melhor e mais justo e para que o livro seja um dos principais instrumentos nesse processo.
São Paulo, 12 de maio de 2022