EdUERJ lança primeiro livro sobre artista Jack Smith em língua portuguesa

“O Brasil de Jack Smith: arte queer, tropicalista e underground”, de Ana Gabriela Dickstein, é o primeiro livro em português a abordar um dos mais relevantes artistas do underground americano. A publicação da EdUERJ é fruto de uma investigação pioneira sobre Smith, cineasta, fotógrafo e performer norte-americano, considerado ícone da contracultura e precursor do teatro queer e do cinema expandido.
Smith, que trabalhou em Nova Iorque na década de 1960 até a sua morte, em 1989, colocou corpos dissidentes em cena e deixou um legado que antecede e enriquece os debates da teoria queer. Entre suas obras mais contundentes, está o filme "Flaming Creatures", conhecido por ter causado uma revolução na cultura puritana dos Estados Unidos. A obra transformou de forma irrevogável a percepção do corpo e da sexualidade nas artes underground, com desdobramentos, inclusive, no mainstream.
“O Brasil de Jack Smith” apresenta também relatos inéditos de uma viagem do artista ao Rio de Janeiro, onde escreveu um roteiro e filmou cenas históricas de um carnaval da Portela. A narrativa, que pode ser lida sequencialmente ou em blocos independentes, é acompanhada por uma trilha sonora sugerida no início do capítulo, proporcionando uma experiência imersiva que aproxima o leitor do universo estético de Smith. O livro destaca, ainda, a legião de admiradores que o artista deixou, como Susan Sontag, Salvador Dalí, Andy Warhol, Paul Preciado e Hélio Oiticica, além de seu impacto duradouro, que atravessa o underground e reverbera na arte contemporânea.
O livro é um convite a mergulhar no processo criativo de um artista que, ao longo de sua história, jamais se restringiu a tendências ou movimentos. Nas palavras da autora, "intensidade, invenção técnica, rigor e improviso" definem sua trajetória única, em que obras foram continuamente reinventadas e reeditadas, numa expressão artística de difícil categorização.
Ana Gabriela Dickstein é doutora em Letras pela PUC-Rio e pesquisa a interseção entre Comunicação e as mais variadas artes (literatura, música, artes visuais, fotografia e cinema). Em sua tese de doutorado, explorou de forma inédita a relação entre Jack Smith e Hélio Oiticica.