Em livro da Editora Unesp, Schopenhauer apresenta metafísica dos costumes
As quatro palestras que Schopenhauer preparou em 1820 na Universidade de Berlim constituem um conjunto de textos valiosos para a compreensão de sua filosofia. Próximas à publicação do primeiro volume de “O mundo como vontade e como representação” em 1819, elas funcionam como uma caixa de ressonância para seus temas principais. “Metafísica dos costumes” é uma dessas preleções, retomando principalmente as questões abordadas no quarto livro do grande clássico de Schopenhauer, agora disponível para leitores lusófonos neste lançamento da Editora Unesp.
Os tópicos abordados no livro variam desde a ruptura com a ética kantiana, a distinção entre o justo e o injusto, a questão da liberdade da vontade, a tematização do sofrimento, o direito e a afirmação ou negação da vontade de viver. Schopenhauer compara sua ética com várias doutrinas religiosas influentes, especialmente a cristã, e examina temas como remorso, tédio, paixão, crueldade, agonia de consciência, bondade, nobreza, amizade e compaixão.
“O que se percebe a partir da leitura das preleções é que as teses do autor sobre o conhecimento, a natureza, a estética e a ética são retomadas de maneira totalmente fiel em relação ao texto de O mundo como vontade e como representação; em algumas passagens, identificamos verdadeiras paráfrases do texto da obra capital”, pontua o tradutor do livro, Eli Vagner Francisco Rodrigues. “Em alguns casos, no entanto, o filósofo elabora alguns suplementos e explicações adicionais. O que se pode concluir dessa adaptação de sua filosofia para a sala de aula é que Schopenhauer preparou o conteúdo das preleções com uma preocupação didática e adaptada à leitura pública. Assim, o texto se apresenta de forma mais clara e acessível em comparação com sua obra principal, que, diga-se de passagem, já primava pela clareza e pela concatenação lógica.”