Lançamento da Editora UFMG trata da memória na obra de Graciliano Ramos
O livro “Incomensurável comum: políticas da escrita em Graciliano Ramos”, de Willy Carvalho Coelho, chegou em dezembro pela Editora UFMG. A obra apresenta uma interpretação ousada sobre o uso da memória como ferramenta literária na obra do consagrado autor brasileiro. A partir de uma abordagem comparativa que tem como base “Memórias do cárcere” (1953), a obra investiga as dimensões histórica, cultural e epistemológica das imagens narrativas de Graciliano.
Baseado na tese de doutorado do autor, defendida no Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e vencedora do Prêmio UFMG de Teses em 2015, o livro também analisa “Infância” (1945) e outros textos do autor. Willy Coelho utiliza a ideia de litígio como eixo conceitual para explorar como memória e discurso se relacionam na literatura de Graciliano, propondo que a memória atua como um espaço de combate em que vozes discordantes se afirmam e transformam experiências históricas.
Organizado em cinco capítulos, o livro aborda temas como a construção narrativa a partir da memória, as relações entre sujeito e poder e o papel do dissenso na racionalidade política. Inspirado em teóricos como Michel Foucault e Émile Benveniste, o autor analisa como o relato autobiográfico e narrativas em primeira pessoa ajudam a compreender os mecanismos de controle e resistência na literatura.
Ao revisitar a obra de Graciliano Ramos, “Incomensurável comum” convida o leitor a repensar os limites e possibilidades da crítica literária no Brasil, evidenciando a relevância do autor como um dos pilares da literatura brasileira. Willy Carvalho Coelho, doutor em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pela UFMG e graduado em Psicologia, oferece uma análise interdisciplinar que enriquece o debate sobre as interseções entre literatura, memória e política.