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Livro da Editora Unesp explora lado transformador de 5 críticos literários

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A Primeira Guerra Mundial e seus impactos sociais despertaram uma nova visão sobre a crítica literária? Ou seria a sociedade comercial e utilitarista, dominada pelo cinema e pela publicidade, a verdadeira influência? Questões como essas guiaram uma geração de críticos que transformou o campo dos estudos literários no século XX. É justamente esse o tema central do livro “Revolucionários da crítica: cinco críticos que mudaram o modo como lemos”, de Terry Eagleton, lançamento da Editora Unesp. A obra convida a revisitar o legado de cinco críticos brilhantes – T. S. Eliot, I. A. Richards, William Empson, F. R. Leavis e Raymond Williams – que redefiniram a crítica literária em um momento de intensas mudanças culturais e intelectuais.

A obra de Eagleton examina como esses críticos britânicos e suas ideias foram fundamentais para a formação de uma tradição crítica que hoje corre o risco de ser esquecida, inclusive dentro da academia. Mas o que esses cinco críticos tinham em comum era uma formação britânica ímpar, sendo Cambridge o núcleo de sua formação e um importante berço da chamada "revolução da crítica", que impulsionou uma visão da literatura não apenas como um campo de estudo, mas como uma ferramenta de avaliação moral e social da modernidade.

Entre os aspectos inovadores dessa tradição, destaca-se o curso reformado de Inglês em Cambridge, que trazia uma abordagem rigorosamente crítica e analítica, desvencilhada de estudos linguísticos tradicionais e voltada para um entendimento da literatura em relação ao contexto social e intelectual. Para Richards, Leavis e outros, estudar literatura envolvia mais do que apenas a interpretação de obras: era uma forma de desvendar os traços essenciais da sociedade contemporânea.

Com perspicácia e humor, Eagleton também captura as peculiaridades e as personalidades distintas desses pensadores. William Empson, por exemplo, é lembrado pelo estilo coloquial e prolixo, em contraste com o tom quase sacerdotal de Eliot. Já Leavis evitava formalidades, escrevendo como se estivesse falando diretamente ao leitor, enquanto Raymond Williams falava como se estivesse escrevendo, mantendo seu estilo minucioso e teórico até no discurso falado. Essa característica diferenciada, assim como as raízes de cada um dos críticos, com origens que variam da aristocracia à classe trabalhadora, reforça o caráter diverso e abrangente do grupo que, além de dialogar com as ideias do modernismo, abriu novas perspectivas e métodos de leitura crítica.

Ao longo do livro, Eagleton explora como a crítica literária desses autores se apresenta como uma reação ao empobrecimento linguístico promovido pela modernidade. Para Richards, essa abordagem moral e social era necessária para resistir à degradação da linguagem e da vida em uma sociedade mercantilista. Concentrar-se nas "palavras no papel" não era um exercício estético vazio, mas uma responsabilidade social essencial.

“Revolucionários da crítica” não é apenas um tributo a esses intelectuais, mas uma reflexão crítica que também questiona até que ponto eles merecem a estatura que lhes foi concedida. "Este livro não é uma homenagem a um panteão de heróis," alerta Eagleton, que retorna 60 anos no tempo para redescobrir e analisar o ambiente intelectual que ajudou a moldar sua própria trajetória e os rumos dos estudos literários no século XX.

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