Livro da Editora Unesp recupera memórias de mestre de obras escravizado
Joaquim Pinto de Oliveira, conhecido como Tebas, emerge da história para ocupar seu devido lugar na construção de São Paulo colonial. Nascido escravizado e com um pai desconhecido, Tebas superou as limitações impostas pela sociedade opressora, tornando-se um mestre de obras notável. O historiador Luis Gustavo Reis revela sua trajetória em “A trajetória de Joaquim Pinto de Oliveira, o Tebas: Trabalho, escravidão, autonomia e liberdade em São Paulo colonial (1733-1811)”, publicado pela Editora Unesp.
No prefácio, o professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) José Carlos Vilardaga destaca que “Luis Gustavo Reis traz à luz a importância de Tebas, cuja habilidade na cantaria de pedra moldou marcos icônicos de São Paulo, como a torre da antiga Catedral da Sé e o Mosteiro de São Bento. Sua pesquisa não só revive o legado material deixado por Tebas, mas também sua presença na memória documental, com uma impressionante capacidade de revelar o que estava ausente.”
Tebas, inicialmente um pedreiro sob seu senhor, tornou-se um mestre de obras reconhecido, com um legado visível em várias construções históricas da cidade. Sua biografia é dividida em três fases: sua vida em Santos e a viagem ao planalto paulista, seu destaque em São Paulo durante o governo do Morgado de Mateus, e, finalmente, sua liberdade, quando começou a contratar escravizados para auxiliá-lo.
“As transformações vividas por Tebas moldaram a urbanização de São Paulo. Sua história, apesar de muitas vezes ocultada, mostra a importância de um mestre de obras negro na configuração da modernidade da cidade”, comenta, na apresentação, o professor Eduardo Antonio Bonzatto, da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).
A recuperação da história de Tebas ilumina a contribuição essencial de escravizados e libertos para a construção social, cultural e arquitetônica de São Paulo, oferecendo uma nova perspectiva sobre a formação da cidade e a nação.