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Livro da Eduel descreve formação do Museu Histórico de Londrina

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A Eduel lança o livro “Decifra-me ou Te Devoro – Museu Histórico como Teatro da Memória”, que tem como autor o professor e historiador, servidor aposentado da UEL, Edson Holtz Leme. A obra, que pertence à linha editorial Arquivo e Memória da Eduel, destrincha a história da criação e formação do Museu Histórico de Londrina a partir de uma perspectiva crítica, que destaca a ausência de grupos que fizeram parte da construção da cidade de Londrina, portanto, negros, indígenas, mulheres e migrantes.

Com entrevistas e ilustrado com mais de 100 imagens, o livro é resultado da tese de doutorado defendida pelo autor em 2013 no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho” (UNESP). “Faço uma análise das políticas patrimoniais desenvolvidas em Londrina, da criação da Universidade, e tenho no Museu Histórico o principal cenário a ser analisado. Afinal de contas quais personagens e grupos sociais foram privilegiados e quais esquecidos na expografia desse importante lugar da memória londrinense?”, diz o autor.

O Museu Histórico foi criado na década de 1960, inicialmente ocupava os porões do Colégio Hugo Simas, depois foi transferido para a antiga Ferroviária da cidade. Com a revitalização no período de 1997 a 2000, o espaço surge como “museu-narrativa”. Após a reabertura no ano de 2000, como resultado do longo processo de modernização, o Museu Histórico passou a contar com cenários temáticos ligados à narrativa de criação da cidade. Segundo Edson, fica evidente que a reforma e modernização das instalações do Museu Histórico trouxeram a perspectiva de memória, mas semelhante à existente anteriormente, portanto, sem espaço para grupos e personagens importantes que ajudaram na construção da cidade. “A própria cidade foi formada com a perspectiva de homenagem às elites, composta principalmente por grandes proprietários rurais”, diz o autor. Foram narrativas impostas ao longo dos anos, predominantemente das famílias da elite pioneira, a partir da exposição de longa duração. “O livro vai ajudar a comunidade a refletir sobre a necessidade de atualização da exposição de longa duração para deixá-la mais democrática. Afinal, os nordestinos continuam excluídos, as mulheres estão em segundo plano e os negros idem”, diz.

O livro possui um rico arcabouço teórico sobre museus, trazendo à tona discussões sobre memória e patrimônio. Para isso, o autor fez uma “viagem no tempo”, da antiguidade até os dias de hoje para descrever os embates que perpassam as relações dos chamados lugares de memória, que envolvem museus, bibliotecas, centros de documentação e monumentos. O objetivo é mostrar como essas relações reverberam no processo de constituição do museu, gerando atritos, consensos e conflitos.

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