Termo significante e urgente de adoção pelas editoras universitárias brasileiras! Meta... o quê? Interoperabilidade? Encontrabilidade? Compatibilidade de sistemas? Interação entre dados? Precisão? Eficácia? Relevância?
São inúmeros os termos – ou novos termos que nos invadem todo dia, toda hora; são milhões de títulos ativos, circulando pelas redes e, onde estão os livros de minha editora? Quem os cita? Quem os referencia ou promove? Quem os compra?
São inúmeras as questões que permeiam os metadados e são eles, em tempos de redes, de internet, de comércio eletrônico, que oportunizam sermos os primeiros a figurar no topo da lista e, quando alguém clicar em uma pesquisa do Google sobre determinado título de livro,
ou até acessar um catálogo editorial num distribuidor ou numa feira, estará lá o nosso livro encontrado!
Em se tratando de editoras universitárias e sua sustentabilidade, os metadados são, ao meu ver, uma obrigação e responsabilidade no cadastro preciso dos dados de suas obras, pois a alimentação correta dos sistemas, sejam eles próprios ou com a participação de parceiros,
com metadados bem definidos e informados, é que fará toda a diferença! Esse cuidado proporcionará ao cliente “achar seu livro”.
O universo dos tão falados metadados, que atinge a todas as áreas do conhecimento, se iniciou no final do século XX e, a cada dia, se torna obrigatório e recomendado para se ter visibilidade no mercado, neste caso o editorial. Faz-se necessário conhecer e estudar padrões de metadados
(existem inúmeros tipos, formas, aplicabilidades) direcionados à área do mercado editorial; são eles que integram os sistemas, as plataformas, os estoques, os setores de vendas e marketing de uma editora com o mundo, conforme explora Alves (2018) ao afirmar que a tão falada integração de acervos e a
interoperabilidade dos dados passam a ser requeridas, da mesma forma que o uso e reuso dos dados na Web instalam-se como uma nova tendência já fixada no mercado editorial.
Metadados? Infinitas definições e contextualizações encontramos em publicações, estudos, pesquisas, mas, simplificando, “são dados sobre dados”.
Ou seja, é a padronização de algumas informações-chaves que são utilizadas para identificar e individualizar determinada informação – aqui neste texto, passa-se a considerar que “informação = livro (impresso e/ou eletrônico)”. Trata-se da adoção de uma forma descritiva para facilitar a localização e recuperação da informação na internet.
Metadados são, portanto, informações que tornam os dados úteis e garantem a ordenação, a descrição e a recuperação eficaz e rápida de qualquer forma, objeto, constante na rede. São os campos que se preenchem em determinada planilha que levam as informações padronizadas aos variados sistemas de recuperação e interoperabilidade da internet
a conversarem entre si – por exemplo: o campo ISBN (International Standard Book Number/Número Internacional Normalizado para Livros), informação essencial na área de livros! Em cada editora, quem preenche os dados no sistema, interpreta de uma maneira, de uma forma, ou até acha não necessário aquele dado preenchido ou aquela forma de preencher – “que chato isso!
Para que isso!”. Mas, como essa obra será recuperada?
Editora 1 |
Editora 2 |
Distribuidor 1 |
---|
ISBN13 |
ISBN |
ISBN |
8532803415 |
8532803415 |
85-328-0341-5 |
Editora 1 preenche e não observa que o ISBN tem 13 dígitos (alteração feita em 2007, antes eram 10 dígitos). A Editora 2 incluiu os dados de acordo com o recomendado e o Distribuidor 1 incluiu conforme se apresentava na obra. Cabe ressaltar que é o mesmo ISBN, portanto é o mesmo livro e está cadastrado em sua Editora de origem, numa Editora
por consignação e num Distribuidor participando de uma feira. E o autor, curioso, resolve ver onde seu livro está sendo vendido! Esperto, usa o ISBN por saber que este número é a identidade de seu título!
Feliz da vida. Quantos resultados vocês acham que ele irá recuperar? Um: aquele que preencheu corretamente a informação solicitada no campo de metadados.
Neste pequeno exemplo do ISBN, identificam-se erros. Imagine no conjunto completo dos metadados mínimos para a identificação e individualização de um livro: Autor, Título, Assunto (palavras-chave), ISBN, Ano, Editora, Formato, Valor de capa, Valor de desconto, entre outros.
Deste modo, entendo ser de super, mega e urgentíssima importância que as editoras e suas equipes se atualizem, estudem, busquem por esclarecimentos, por explicações de como funcionam as planilhas, os dados solicitados na alimentação de bancos ou bases de dados, sejam para catálogos, sejam em distribuidores, sejam para feiras, sejam para associações parceiras e/ou
seja em seu próprio sistema automatizado utilizado. É necessário entender cada campo e o preencher adequadamente, só assim a recuperação, a interoperação, a junção destes dados permitirão a unificação em ações conjuntas e na divulgação aos clientes – é garantir a venda de seus títulos, numa disputa de mercado.
Portanto, a meu ver, metadados são mais que estruturas organizacionais de informações, legíveis por máquinas, para uso em redes virtuais! São informações padronizadas, que devem respeitar os valores de cada formato adotado, possibilitando a pesquisa na Internet, sua recuperação de forma precisa e rápida, atendendo à demanda de um cliente, em determinada área de aplicabilidade,
aqui considerando a importância, a relevância, no mercado editorial universitário.
No Brasil, no momento identifiquei empresas que coletam e distribuem metadados sobre livros, divulgando editoras universitárias, livrarias, entre outros, como o MercadoEditorial.org (https://www.mercadoeditorial.org/), Metabooks (https://metabooks.com/) e a própria SciELO Book (http://books.scielo.org/), que também opera na divulgação e comercialização de livros. Destaca-se a ABEU,
com seu catálogo unificado, e que implantou um sistema para a realização de feiras virtuais, para ajudar suas associadas. Entretanto, a falta da padronização de metadados na alimentação dos campos solicitados nas planilhas acaba por prejudicar, atrasar e dificultar a implementação destas ações. A confiabilidade dos dados preenchidos nos campos das planilhas significa a eficiência na divulgação, recuperação e
comercialização em feiras – em especiais as virtuais, que hoje são indiscutivelmente a saída para a venda de livros e a busca pela sustentabilidade das editoras universitárias.
Tempos de pandemia! Internet como ponto de contato e de vida em tempos atuais e, sem o devido cadastramento de metadados corretos, nossa divulgação e arrecadação tornam-se ineficazes e a cada dia nos tornamos invisíveis neste mercado concorrido da virtualidade.
Gleisy Fachin/
Diretora Executiva da Editora UFSC/
Diretora Secretária da ABEU
Referências
ALVES, Rachel C. V. Metadados editoriais e livreiros: algumas considerações e relações com os padrões de metadados do domínio bibliográfico. Informação & Tecnologia (ITEC), Marília/João Pessoa, v.5, n.2, p.238-252, jul./dez. 2018.
MERCADOEDITORIAL.ORG. Disponível em https://www.mercadoeditorial.org/. Acesso em 10 out. 2020.
METABOOKS. Disponível em https://metabooks.com/. Acesso em 10 out. 2020.
SAYÃO, Luis Fernando. Curadoria de dados de pesquisa: revelando e preservando a memória oculta da ciência. IN: Encontro de unidades de informação da biblioteca do exército, XIV e Jornada das redes de bibliotecas militares, III, 2019. Disponível em: . Acesso em 02 out 2020.
SAYÃO, L. F.; SALES, L. F. Curadoria digital e dados de pesquisa. AtoZ: novas práticas em informação e conhecimento, v. 5, n. 2, p. 67, 9 jan. 2017.
SCIELO BOOKS. Disponível em http://books.scielo.org/. Acesso em 10 out. 2020.
SIMIONATO. A. C. Arquitetura mínima de metadados para dados científicos. Disponível em: . Acesso em 02 out 2020.