Obra da Editora Unesp trata Coluna Prestes sob ótica do interior brasileiro

O que torna a Coluna Prestes um marco duradouro na história do Brasil, mesmo sem alcançar seus objetivos iniciais? Como este movimento, que percorreu 25 mil quilômetros entre 1924 e 1927, desafiou o poder central e as elites regionais, enquanto destacava a complexidade do Brasil profundo? Em “A Coluna Prestes: Uma história do interior”, lançamento da Editora Unesp, o historiador Jacob Blanc explora essas questões, oferecendo uma nova perspectiva sobre a famosa marcha a partir dos territórios que testemunharam os acontecimentos.
Jacob Blanc conduz o leitor por uma análise detalhada das interações entre os membros da Coluna e os habitantes do interior brasileiro, destacando a complexidade dos contatos entre rebeldes e comunidades locais. A narrativa oferece uma leitura que desafia a visão idealizada do movimento, proporcionando uma perspectiva mais realista, alinhada com as vivências do interior. Nas palavras do autor, “a Coluna é mais do que um símbolo de resistência política; é um reflexo das diversas Brasilidades que interagem e se confrontam no mesmo território.”
Blanc investiga o impacto da Coluna no imaginário brasileiro e na construção de uma identidade nacional. De heróis da resistência a símbolos controversos, os protagonistas dessa narrativa moldaram o cenário político e cultural do Brasil. Eles influenciaram não apenas os rumos da Revolução de 1930, mas também deixaram um legado duradouro, com figuras como Luís Carlos Prestes permanecendo como líderes emblemáticos do movimento. A análise estende-se ao século XX, onde romances, monumentos e outras expressões culturais reafirmaram a Coluna como um elemento central da memória nacional.
Além de seu valor histórico, a obra provoca uma reflexão sobre as transformações do país e os significados da identidade nacional ao longo do tempo. No epílogo, Jacob Blanc compartilha suas observações de pesquisa em diferentes cidades e vilarejos do interior, revelando o impacto contínuo da Coluna Prestes na memória coletiva e na visão contemporânea da história.