Detalhes

Formação política de estudantes

Formação política de estudantes

Editora Udesc
SINOPSE

A presente obra analisa a constituição dos grêmios estudantis na Rede Municipal de Ensino de Florianópolis a partir do processo de formação política de estudantes do ensino fundamental (2018-2020), com o intuito de identificar experiências de autonomia e auto-organização estudantil. Buscou-se, a partir das fontes documentais do processo formativo e publicações institucionais vinculadas à Secretaria Municipal de Educação, contextualizar a estrutura e a abordagem dos Encontros de Grêmios Estudantis e compreender a experiência a partir das narrativas estudantis. Utiliza-se o anarquismo e a pedagogia libertária como referenciais teóricos para a problematização da sociedade burguesa e do papel da escola frente ao autoritarismo do adulto, a hierarquia do conhecimento e a burocratização como faces de controle do sistema capitalista. Neste caminho, procura-se enfatizar a liberdade, a criatividade, a solidariedade para o desenvolvimento das faculdades intelectuais dos estudantes, relacionadas às dimensões: emocional, moral, corporal e do trabalho, sem fragmentação, como princípios pedagógicos da educação integral. Ao mesmo tempo em que reafirma a importância da autonomia e da auto-organização estudantil como condição inerente à educação crítica, emancipadora e democrática. A discussão posta situa a escola pública como um lugar que precisa abarcar as críticas da escolarização e avançar como espaço de possibilidades. Embora as discussões estejam centradas no estudante, reflete-se sobre a reconfiguração da ação docente, alinhando escolhas teórico-metodológicas que subsidiem uma educação emancipadora e problematize as relações de poder. Discute-se sobre a representatividade estudantil à luz da organização política não normativa, lançando apontamentos sobre os limites da democracia representativa e destaca-se a importância das juventudes na esfera social, cultural e política. Nesse passo, analisou-se de modo não normativo o movimento de Maio de 68, buscando suas bases nos princípios libertários e ramificações da Comuna de Paris. Como interlocução a essas questões, analisou-se as repercussões políticas do movimento estudantil e do processo de redemocratização do Brasil, para isso mirou-se as experiências de auto-organização estudantil nas ocupações das escolas de São Paulo e na Revolta da Catraca em Florianópolis. Contemplando a América Latina, referenciou-se o movimento de autogestão de professores em Oaxaca, elucidando um projeto educacional que indissocia a dimensão política-pedagógica da atuação do adulto, no âmbito da educação pública. Nesse contexto, as experiências nos Encontros de Grêmios Estudantis revelam efeitos importantes nos trajetos individuais e coletivos de estudantes, afinal, os depoimentos narram sobre suas atuações nas escolas e as trocas nos encontros de estudantes e é indubitável seu caráter educativo. Demonstram as narrativas que tais aprendizados ultrapassam discursos e teorias, colocaram em evidência o aprendizado dialógico e a tomada de decisões coletivas, almejando o interesse comum. Nesses momentos, os estudantes usufruem de maior autonomia e liberdade e experimentam o caminhar sem tutela, tais situações criam espaços e situações de auto-organização que funcionam como experimentação de ensaios coletivos de transformação do contexto escolar, os quais desejamos que avancem e frutifiquem.

  • : 04/02/2025
  • : Cardoso, Nataliê
  • : 978-85-8-302221-3
  • : 146
  • Peso:0 g
  • Altura:22 cm
  • Largura:15 cm